domingo, dezembro 16, 2007

Custo de vida: Derrapagem nos preços

15 / 12 / 2007 - Inflação rouba 35 euros a salário médio

Os portugueses têm sérias razões para estar preocupados com a tendência generalizada do aumento dos preços em 2007. A inflação média de 2007 em Novembro situava-se nos 2,4 por cento, acima dos 2,1 por cento previstos pelo Governo, o que implicará uma perda anual de 35 euros para os trabalhadores com o salário médio mensal de 840 euros, ou seja, que auferem 11760 euros ao ano. A redução no poder de compra torna-se ainda mais acentuada por força das fortes subidas das prestações mensais da casa, em consequência do disparar das taxas de juro.

Ontem, o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que a inflação média anual atingiu em Novembro 2,4 por cento.
A um mês do final do ano, se os preços ficassem congelados em Dezembro a inflação anual seria de 2,4 % .
E se assim for será 0,3 pontos percentuais superior à previsão do Governo.
As estatísticas do INE são elucidativas: em Novembro, face a Outubro, os preços aumentaram em média 0,3 por cento, com subidas mensais de 1,1 por cento nos transportes, 0,6 por cento no vestuário e calçado e 0,4 por cento na habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis.
E o mesmo ocorreu nos alimentos: 1,4 %, queijo e ovos, 1,3 % nos óleos e gorduras e 0,5 por cento nos hortícolas.
À redução do poder de compra por via da subida dos preços acima da previsão do Governo acresce a subida das taxas de juro: por exemplo, entre Dezembro de 2005 e ontem a Euribor a seis meses, taxa de referência para a maioria dos empréstimos para a compra de casa, aumentou de 2,3% para 4,9 %.
Por isso, em 2007 os portugueses sofreram uma forte quebra no poder de compra.
O mesmo poderá ainda acontecer no próximo ano: com a inflação na zona euro a subir para 3,1 % em Novembro e a manter-se em alta até meados de 2008, o Banco Central Europeu deverá aumentar de novo a taxa de juro.
Por isso, é provável que em 2008 os preços cresçam acima dos 2,1 % previstos pelo Executivo.
Sendo o acréscimo salarial de referência da Função Pública de 2,1 %, tudo indica que haverá mais uma perda no poder de compra.
Luís Filipe Menezes, líder do PSD, já admitiu que, face a uma inflação mais alta, “fará sentido reequacionar um aumento [salarial] superior”.

ELECTRICIDADE AUMENTA 2,9 POR CENTO
O Conselho Tarifário aprovou ontem a proposta da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) para um aumento médio de 2,9 por cento nos preços da electricidade no Continente em 2008.
No próximo ano, a maioria dos consumidores domésticos terão um acréscimo de 1,08 euros na factura mensal.
Os clientes industriais sofrerão um aumento médio de três por cento.
Os clientes de média tensão terão uma subida de 2,7 por cento.
E os de baixa tensão especial, normalmente pequenas empresas, terão um aumento de 2,5 por cento.
Nos Açores, o aumento médio será de 2,6 por cento e na Madeira de 4,9 por cento.
Em 2008, os transportes terão mais 3,9 por cento nas tarifas.

COMPARAÇÃO ENTRE INFLAÇÃO PREVISTA PELO GOVERNO NO ORÇAMENTO DE ESTADO (OE) E INFLAÇÃO VERIFICADA
PREVISÃO OE / INFLAÇÃO REAL
1998 – 2,0% / 2,8%
1999 – 2,0% / 2,3%
2000 – 2,0% / 2,9%
2001 – 2,8% / 4,4%
2002 – 2,75% / 3,6%
2003 – 2,5% - 3,3%
2004 – 2,0% / 2,4%
2005 – 2,0% / 2,3%
2006 – 2,2% / 2,3%
2007 – 2,1% / 2,4%

DIFERENÇA MÉDIA
2007/1998 - -0,62 pontos percentuais

António Sérgio Azenha
in Correio Manhã On Line

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